A Perspectiva Histórica da Pesquisa e Prática da Leitura
Disponível em: <Aqui>. Acessado em: 09/06/2021
A leitura e o processo de aprendizagem através de textos foram foco de pesquisas de inúmeras teorias e estudiosos durante o século XX. Nesta postagem, trazemos a vocês um panorama histórico das visões gerais dos últimos 50 anos de pesquisa sobre esse assunto a partir do texto "A Historical Perspective on Reading Research and Practice" de Patricia A. Alexander e Emily Fox.
Era
da Aprendizagem Condicionada (1950-1965)
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Características |
Teorias |
Resultados |
Visões rivais |
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Havia uma
tendência crescente para que os problemas no ato da leitura fossem vistos
como deficiências que precisam de remediação, assim como as doenças físicas
requerem remédios médicos. |
ü Teoria
comportamental ü Perspectiva de
Skinner (Behaviorismo); |
ü
Foco particular na leitura como uma atividade
perceptiva (a identificação de sinais visuais; a tradução desses sinais em
sons; e montagem desses sons em palavras, frases e sentenças); ü
A instrução fonética passou a ser vista como parte
da base lógica para começar a ler e tinha o atributo desejável de ser eminentemente
treinável; ü
Onde houvesse problemas na aquisição de habilidades,
a solução provavelmente seria um programa de treinamento individualizado. |
ü De acordo com
William James (1890), ler seria um hábito consciente. Como tal, a leitura seria
melhor examinada através de uma lente psicológica por meio da introspecção,
em vez das lentes fisiológicas de observação de comportamentos mensuráveis
dos behavioristas; ü Para a teoria da
Gestalt, entender os fenômenos como um todo era essencial e nunca poderia ser
alcançado pela concatenação de fatos, habilidades ou observações individuais
como ocorria no behaviorismo. |
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Características |
Teorias |
Resultados |
Visões rivais |
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Duas
comunidades de teóricos e pesquisadores foram influentes nesse período: ü
Os linguistas
que seguem a tradição de Chomsky defendiam uma visão menos voltada para o
meio ambiente e mais rígida sobre a aquisição da linguagem e, portanto, da
leitura; ü
Os psicolinguísticos
sentiram que a atenção aos aspectos discretos da leitura defendidos no
behaviorismo destruía o poder comunicativo natural e a estética inerente à
leitura (Goodman & Goodman, 1980; Smith, 1973, 1978); A leitura era
vista como um processo natural. |
ü Gramática
gerativa (Chomsky); ü Psicolinguística. |
ü
O aluno tinha o papel de um participante ativo, um
construtor de significado que usou muitas formas de informação para chegar à
compreensão. Aprender a ler não era tanto uma questão de ser ensinado, mas
uma questão de chegar à facilidade como resultado de uma predisposição para buscar
a compreensão em um ambiente rico em linguagem; ü
O objetivo era verificar como as respostas inesperadas
que os leitores produziram refletiam suas tentativas de construção de
significado. |
ü
O foco era como os processos internos da mente
humana poderiam ser mais bem representados simbolicamente e transferidos para
programas de computador que pudessem se aproximar do desempenho humano; ü
A variabilidade no desempenho humano que esses
pesquisadores observaram e documentaram sugeriu que as semelhanças aparentes
nos processos da linguagem humana eram provavelmente o resultado de
conhecimentos adquiridos ou aprendidos e processos combinados com capacidades
mentais inatas. |
Era do Processamento de Informação (1976-1985)
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Características |
Teorias |
Resultados |
Visões rivais |
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ü Buscou-se processos gerais ou “leis” que explicassem
a linguagem humana como uma interação entre o sistema de símbolos e a mente; ü
A aprendizagem baseada em texto dizia respeito ao
conhecimento, que era organizado e armazenado na mente individual e resultava
da entrada, interpretação, organização, retenção e saída de informações do
ambiente do indivíduo. |
ü Psicologia cognitiva; ü Teoria do
processamento de informação. |
ü A teoria do
esquema é um dos legados mais poderosos da época; ü
A construção do conhecimento prévio e sua influência
na aprendizagem baseada em textos; ü
Teóricos e pesquisadores investigaram a organização
do conhecimento da mente e como essa organização distinguia novatos de
leitores mais experientes; ü
As atividades de pesquisa deste período demonstraram
que o conhecimento dos alunos pode ser significativamente modificado por meio
de intervenção direta, treinamento ou instrução explícita. |
ü
Defendiam uma visão mais naturalista e holística da
leitura; ü
Preocupação crescente com a estética da leitura
sobre o racional; ü
Rosenblatt argumentou que, dependendo do objetivo do
aluno e do professor, a resposta de um indivíduo a uma obra literária segue
um continuum de uma postura eferente a uma estética. |
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Características |
Teorias |
Resultados |
Visões rivais |
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ü
A adoção de perspectivas sociais e culturais na
aprendizagem da alfabetização inspirou uma aceitação e exploração mais ampla
da alfabetização compartilhada; ü
Aprendizagem como uma experiência sociocultural
colaborativa e do aluno como membro de uma comunidade de aprendizagem. |
ü Escritos em
antropologia social e cultural, como as obras de Vygotsky, Lave e outros
forneceram um novo ponto de vista para pesquisadores da alfabetização, bem
como para aqueles da comunidade de pesquisa educacional mais ampla; ü Conceitos populares
dessa era: aprendizagem cognitiva, cognição compartilhada e construtivismo social. |
ü
O conhecimento não era uma construção singular, mas
existia em diversas formas e dimensões interativas; ü
Consciência crescente de que o conhecimento de
alguém nem sempre era uma força positiva no aprendizado e no desenvolvimento
subsequentes; ü
A importância das contribuições sociais e
contextuais para a aprendizagem ficou evidente; ü
Pesquisadores fizeram da natureza sociocultural das
escolas e salas de aula o foco de seus esforços, desenvolvendo procedimentos
instrucionais que engendraram intercâmbios sociais ideais na sala de aula. Nessas
abordagens, os professores desempenhavam o papel essencial de facilitadores
ou guias. |
ü
Estavam de acordo sobre o valor de se considerar as
forças sociais e contextuais na alfabetização. A distinção entre a postura
predominante e a rival veio na importância relativa atribuída ao contexto ou
às interações sociais. Especificamente, para certos segmentos dessa
comunidade, o caráter situado ou a natureza social do conhecimento e do saber
tornou-se o foco central; ü
Para aqueles que defendem essa visão, o conhecimento
estaria presente quando os alunos estivessem socialmente engajados em
discussões ou atividades de aprendizagem colaborativa. |
Era da Aprendizagem Engajada (1996-presente)
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Características |
Teorias |
Resultados |
Visões rivais |
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A
leitura é um domínio que se refere não apenas ao leitor jovem ou com
dificuldades, mas também a leitores de todas as habilidades e idades, pois a
leitura se estende além da fase inicial de aquisição e ao longo da vida, à
medida que os leitores se envolvem em uma série de atividades relacionadas à leitura
e direcionadas a um objetivo. |
Principal
pesquisador: John Dewey. As
noções de Dewey sobre aprendizagem experiencial e interesse são evidentes nas
concepções de engajamento enquadradas na crescente pesquisa sobre motivação e
resultaram na unificação de posturas outrora opostas. Nesta era mais recente
de pesquisa de alfabetização, o aluno é conceituado como um buscador de
conhecimento motivado. |
ü A complexidade e
natureza multidimensional da leitura; ü Os alunos
encontram uma variedade de materiais textuais, tradicionais e alternativos,
que devem se refletir no ambiente de aprendizagem; Como
a leitura é multidimensional em caráter, com relações significativas entre o conhecimento
dos leitores, processamento estratégico e motivação, modelos simples ou teorias
baseadas em uma distinção "aprender a ler" e "ler para
aprender" precisam ser suplantados por modelos recíprocos mais complexos
do desenvolvimento da leitura. |
Perspectiva
rival: Aprendizado como
recondicionamento. Como
no período de condicionamento inicial, esta postura rival é investida na
identificação, ensino e remediação das habilidades ou componentes subjacentes
à aquisição de leitura. Além disso, a ênfase dessa orientação rival está em
leitores iniciantes ou problemáticos que ainda não dominaram esses
fundamentos de leitura. |

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